domingo, março 09, 2008

Um vazio...


Cheguei a casa. Depois de um dia em cheio, na companhia de muitas das pessoas que me marcam a vida, sentei-me na cama. Mas em vez de me sentir bem, contente, preenchida, não. Senti somente um vazio. Senti um aperto no peito e senti-me incompleta. Já tentei chegar ao porquê de todo este sufoco e não consigo. Tudo parece ser motivo mas ao mesmo tempo não faz sentido que esse tudo seja motivo. Resumindo, não sei o que me deixa assim. Ou secalhar até sei. É muito simples eu conseguir disponibilizar-me para ajudar quem quer que seja. É muito simples opinar sobre os problemas da vida dos outros. É simples dar conselhos porque conseguimos ser bastante práticos e racionais. E na nossa vida? É sempre assim tão simples? Conseguimos nós adoptar as soluções que damos aos outros para problemas idênticos? Creio que não. Quando nos toca a nós queremos ser ou só racionais, ou só sentimentais. Acontece que entramos em choque. Entramos num conflito interior que nos vai corroendo ao longo do tempo e que em certa altura deita abaixo o nosso escudo, as muralhas que erguemos para nos protegermos. E aí ficamos frágeis, vulneráveis e um pouco desorientados. Queremos parar para pensar e não nos é permitido, uma vez que o sentimento teima em impor-se. Queremos parar para somente sentir e eis que vem a razão colocar mil e uma entraves. Não há espaço para o meio termo, ou então, neste momento, não consigo encontrar esse meio termo. São medos antigos, são vontades de arriscar, são fantasmas de desilusões, são necessidades de voar... É um turbilhão de sentimentos. É sempre mais fácil arriscar quando sentimos que do outro lado existe um porto seguro. Mesmo que não seja perto, a crença de que ele lá está e que vamos triunfar no final quando lá chegarmos é motivo suficiente para arriscar. Só que é isso que tem faltado. A percepção desse porto seguro. Está, porém, um nevoeiro danado. Nada é nítido. O que irei encontrar a seguir é uma incógnita e tenho medo. Tenho medo e afasto-me e cada vez mais me afundo.
E quando a este sentimento se junta o sentimento de tristeza pelo sofrimento de um amigo, aí tudo se torna ainda mais complicado. Foi estranho tudo o que senti ao ver-te uma vez mais. Estavas ali, com a guitarra na mão, com um sorriso nos lábios. Por muito que estivesses a sofrer o sorriso estava lá. Senti a tua força mesmo estando afastada. Não conseguia parar de olhar para ti e questionar a tua força, a tua garra, a tua fé. És tanto mais que eu, que nós. Tu sim estás a atravessar uma fase complicada. Tu sim tens problemas dignos desse nome. Olhaste para mim e disseste o quanto foi importante a carta que te escrevi. Eu não sabia onde me meter. Não sabia mesmo. Eu é que te devia agradecer toda a lição de vida que me dás a cada segundo que passa. Eu é que tenho que te olhar com orgulho. Mesmo que a nossa ligação seja recente, mesmo que nos conheçamos à pouco tempo tens-me dado muito mesmo. Tens-me feito mudar, tens-me feito acreditar. Se bem que muitas vezes tendo a quebrar tudo o que me ensinaste. Tu ao seres forte, mostras-nos que nós também o temos que ser. Não por ti mas por nós. Só assim conseguimos ser o apoio que precisas. Sim! Porque tu precisas de todo o amor de quem te ama. =) Às vezes temos que deixar que nos levem ao colinho só para podermos restabelecer energias. Qual é o problema disso? É bom para ambas as partes e trás felicidade. Aquela felicidade que muitas vezes necessitamos de sentir para aceitar mais um desafio, para ultrapassar mais um obstáculo. Tenho que te agradecer por toda a vida que me passaste hoje. Eu tinha que te escrever isto porque foi importante este dia. Foi importante sentir que estás a agarrar a vida com unhas e dentes. Foi importante ter-te lá. Obrigado Zé! =)




E neste momento quem precisa de salvação sou eu...

2 comentários:

Filipe disse...

E tu???
Do que esperas???
Se tudo é nevoa, s tudo são muros...
Faz-te ao mar...
Vai ao encontro daquilo em que acreditas...
Toma para ti todas as lições que dás aos outros...
Um amigo disse-me "quando falamos e ensinamos nós somos os primeiros ouvintes daquilo que dizemos..."
Então repete em voz alta para ti tudo o que dizes aos outros...
Se calhar sentes-te melhor ou se calhar até te sentes pior...
Mas o que interessa é que no final vais ter a opiniao mais importante de todas... A TUA...
Procura todos esses portos sguros mas n te prendas a eles...
Encontra-os para te sentires bem mas com consciencia de que muito caminho à para percorrer e muitas guerras tens de travar... Mas assim saberás sempre onde deixas-te aquele abrigo e quando precisares sabes que podes sempre voltar...
Beijo*

Andreia disse...

não é a toa que verifico que 3 pessoas falam da mesma nos seus post. ambos o descrevem como super heroi e tambem é assim que caracterizo. conheci-te a pouco mais de 2 meses e logo senti essa tua força. onde e que a vais buscar? na noite do encerramento disseste-me palavras que nunca sairam desta caixinha que trago sempre comigo. mas ao contrario que disses-te não sou forte, tu sim és forte e consegues transmitir isso aos outros...és fantástico. mesmo nesta altura mais turbulenta encaras com um "ta td bem". foi como uma bomba a noticia mas tbm foi com um sorriso que recebi que estavas a melhorar. força zé...


quanto a ti madrinha...os portos seguros estão sempre lá o que as vezes acontece é haver um nevoeiro que não nos permite ve-los. mas temos que ter sempre a esperança e a capacidade de saber esperar para que esse nevoeiro levante e possamos fazer-nos ao mar. aquele mar que guarda muitas coisas e que traz sempre consigo algo de novo. se nessa viagem aparecer uma tempestade luta contra ela. aos portos seguros so xega quem não tem medo de naufragar.

beijos grandes