quarta-feira, julho 08, 2009

Um dia diferente...


Dou por mim a caminhar por essa enorme avenida completamente alheia ao que se passa, concentrando-me apenas nos meus pensamentos. Recebi há pouco notícias tuas e, por muito que te quisesse ajudar, o luto terias que ser tu a fazê-lo sozinho. Tenho que respeitar a tua vida e o teu espaço por muito que o sentimento maternal me faça querer correr para o teu lado e proteger-te. Não tenho esse direito nem esse dever... e tu já não queres isso! Estive na "nossa" cidade, perto de todos os "nossos" lugares. Andei ao sabor do vento, respirei todos os raios de sol que me rodearam. E sabes? Senti-me bem... Não estou presa, não estou perdida. Gosto de me encontrar comigo mesma e de me fazer companhia. Gosto de me surpreender e de me marcar. Gosto de me fazer sorrir e chorar. Tudo aquilo que um dia fizeste, eu hoje aprendi a fazer a mim própria. Não para me afastar de ti... antes para não viver para ti. O tempo passou a uma velocidade estonteante e gostei. Não levava relógio, recusei-me a olhar para as horas no telemóvel. Já chega de tanto controlo, de tantos planos, de tanta pressa. Hoje tive tempo para dedicar a mim. Pude satisfazer o desejo de comprar mais um livro. Pude satisfazer o desejo de caminhar sem pressas e reparar nos pormenores. Pude satisfazer o desejo de voar para momentos longíquos mas eternos. O voo de hoje é tanto uma incógnita como um desafio. E à semelhança dos pássaros que se sobrepunham a mim, imaginei o que haverá para além da paragem em que me encontro hoje. Tantas vezes dou por mim a ter este impasse. Páro mais uma vez para (re)pensar sobre o mesmo: o amanhã... Mas é essa a minha essência! Não sei viver sem me projectar num futuro próximo. Não consigo adormecer hoje sem ter um plano que seja para amanhã. Acho que eu própria me recuso a agir assim. Vou tendo vozes que me falam de toda esta incapacidade de ficar quieta. Eu ouço... mas gostaria que me ouvissem também! Gostaria de contar como têm lógica todos os meus planos de voos. Gostaria de contar peripécias das minhas viagens. Gostaria de mostrar imagens do meu sorriso quando as realizo. Não se podem alhear à realização que obtenho... como eu tento parar por vocês, tantas vezes. E gosto, porque este ritmo acelerado nem sempre é benéfico. Mas uma coisa vos peço. Não me façam ser galinha quando eu preciso (e posso) ser falcão! Todos os passos que dou têm um pouco de todos os ensinamentos que me oferecem. Tudo o que sou é fruto do crescimento de anos, do qual fazeis parte. Mas deixem-me voar! Sozinha e acompanhada. Porque todos nós precisamos ardentemente desta dualidade na nossa vida. E não é por precisar do meu espaço, do meu canto ou do meu refúgio que me perco. Antes pelo contrário... É assim que me encontro! Por isso, como eu hoje fiz contigo, também espero que o façam comigo...

Aqui deixo o meu voo de "Falcão"...


Vastas planícies de desespero

Eu sei que me arrancaste dali

As tuas penas foram os meus braços

Tu foste a luz que eu descobri!

Tu és a luz que eu hei-de seguir!



1 comentário:

Luz disse...

Isto está mt bem escrito! E se há coisa k não estou a ver, é tu a ser galinha.. e, se há coisa k adoro é essa tua incapacidade de ficar quieta, de andar sempre à procura de algo, e de conseguir ver as coisas a grande distancia, tal como o falcão.. Mas tb é presiso aproveitar cada momento, cada "peripécia" desta viagem.. cada migalha k nos aparece no galinheiro.

Beijo amor.