quarta-feira, maio 07, 2008

A vida faz-me bem...



Decidi parar. 5 minutos ou talvez um pouco mais, mas tive que parar. Não quero encontrar explicações mas saborear um pouco todas as sensações diferentes que a vida me tem proporcionado nestas últimas duas semanas.

Muitas vezes os olhos teimaram em brotar lágrimas de amargura. Muitas vezes o coração se contorceu porque não via como é que poderia contrariar um "não" injusto. Tantas foram as palavras de coragem que não quis ouvir. Tantos foram aqueles que levaram com o mau humor em cima. Tantas foram as pessoas que magoei. No meio de tamanha desilusão que criei em mim e nos outros, os punhos cerraram-se uma vez mais. Mesmo com cicatrizes profundas, com o sangue a brotar de feridas ainda recentes, ergui-me. Tinha de confiar Nele e em todos aqueles que acreditavam e mim e mereciam, no mínimo, um sorriso. Tinha de acreditar que isto tinha um porquê, um motivo, uma solução para mim. Mas foi difícil. Foi difícil agarrar-me a algo que é tão frágil, como um vaso de barro. O medo de quebrá-lo mais uma vez apoderou-se. O receio de perder o grande tesouro que este contempla no seu interior fazia-me gelar. Não queria deixar de ter aquela alegria característica, nem iria conseguir viver sem o sorriso que teimo em lançar em cada passo da minha caminhada. Mas continuava a ser difícil. Aquelas correntes que um dia decidi quebrar, voltaram a prender-me e, desta vez, de uma forma mais forte a um passado que prometi que não iria atrapalhar mais. Mais uma vez não cumpri a promessa.

Foram tempos de turbulência... Sentimentos ao rubro, cabeça a mil, trabalho que não parava. De tanto querer descansar e não poder o corpo ressentiu-se. Cedeu. Mas a alma nunca o fez. Mesmo perante tamanhas atrocidades quis sempre lutar por aquilo em que acreditava. Quis que a persistência ressurgisse para que, um dia mais tarde, não me viesse a arrepender por não ter tentado tudo.

E as pressões vinham de todos os lados. Pedidos de viagens com fins incertos, esperanças depositadas em acções, inquietude por não saber como (re)agir. Sentia-me, continuadamente, em busca daquela serenidade que vejo estampada no rosto dos mais velhos. A serenidade típica de quem já nada perde se se deixar acalmar e esperar por novos ventos... Esforcei-me demais para sentir essa calmaria na minha alma. Ponderei dormir um pouquinho até que o nevoeiro desaparecesse. (...) Penso que em parte consegui, só que em cada acordar, a vontade de obter aquela felicidade que trazias acorrentada a ti atrapalhava-me a caminhada. Fazia-me querer avançar e ao mesmo tempo recuar. Acho que nunca me vi tão emaranhada numa dualidade de sentimentos. Nunca uma dualidade foi tão vincada e marcante. E nunca nenhuma dualidade me desdobrou em dois seres distintos que, por mais que tivessem o mesmo objectivo, se distanciavam e confrontavam na forma de a ele chegar. Foi uma grande batalha pessoal. Foi uma luta que por mais esgotante que tenha sido fez-me sentir viva. Nunca imaginei que uma decisão pudesse originar um "sem número" de situações que condicionasse outras tantas vidas.

Agora ao parar, tento juntar todas as peças do puzzle e elas, encaixam com uma perfeição extraordinária. Todos os segundos foram essenciais, todas as pessoas tiveram a sua importância...

Agora basta aceitar, com responsabilidade, as consequências dessa decisão e proclamar a escolha que fiz. Ela foi minha e de mais ninguém. E orgulho-me de um dia a ter tomado...

Por isso afirmo com todas as forças que a vida faz-me bem... E acredito que também te faça bem a ti mesmo. Sabes que há algo de grandioso reservado para ti. Não te livras dos obstáculos, nem das dores, nem das desilusões... Mas irás ultrapassar isso sempre com a força que trazes dentro de ti e que ás vezes julgas não existir. E não te esqueças que terás sempre ao teu lado alguém disposto a dar-te a mão e a respeitar o teu tempo e o teu espaço. Nunca desistas daquilo em que acreditas. Por muito tenebroso que seja o caminho e a viagem, confia. Ele guiará sempre os teus passos...

Grito de alma... Vasos de Barro - Simplus




YYour Guardian Angel

Sem comentários: